Objeto foi visto à deriva na última quarta-feira (29/01)
Mônica Basile/iG Baixada Santista
Objeto foi visto à deriva na última quarta-feira (29/01)


Na última semana, quem passava pela Ponta da Praia, em Santos, avistava no mar a carcaça de uma geladeira à deriva pelo canal que dá acesso ao Porto de Santos e seguia em direção às praias da cidade. Nenhuma autoridade consultada pela equipe do iG se responsabilizou pela limpeza dos oceanos.

O biólogo marinho William Schepis, diretor-presidente do Instituto EcoFaxina, que realiza mutirões de limpeza na Baixada Santista, explica que há anos tenta fechar uma parceria com a prefeitura de Santos para fazer a limpeza no mar e atuar nesse gargalo que polui os ecossistemas aquáticos.

A carcaça do objeto que se assemelha a uma geladeira foi vista de perto pelos canoístas que praticam o esporte entre as cidades de Santos e Guarujá. Quem passava pela orla da cidade também viu o lixo que polui o mar e a paisagem na última quarta-feira (29).

“Temos um projeto já há muito tempo tramitando na prefeitura para fazer a limpeza de áreas de mangue na parte interna do estuário e justamente evitar que esse tipo de descarte e materiais saiam para a Baía de Santos. Estamos implorando para fazer isso há mais de 10 anos”, relata Schepis.

O EcoFaxina promove ações de limpeza em praias, mangue, costão rochoso, restinga desde 2008. Até o momento foram 190 ações voluntárias com 92.958 kg de resíduos retirados de ecossistemas aquáticos. “Infelizmente a gente lida com essa morosidade do poder público, que, para nós biólogos, é bem doloroso. A gente não desiste”, finaliza.

Objeto seguiu sem rumo causando perigo aos banhistas e navegantes
Mônica Basile/iG Baixada Santista
Objeto seguiu sem rumo causando perigo aos banhistas e navegantes


Nenhum órgão é responsável pela limpeza do mar

A Prefeitura de Santos informou por meio de nota que é responsável pela limpeza diária da faixa de areia. E que o canal de entrada do Porto é fiscalizado pela Autoridade Portuária de Santos.

Já a Autoridade Portuária de Santos (APS) disse, em nota, que não é exatamente responsável pela limpeza do mar. “Essa é uma responsabilidade de todos” E alega que mantém, como medida de compensação exigida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), no âmbito do licenciamento ambiental do Porto de Santos, o Programa de Educação Ambiental, voltado para a educação ambiental das comunidades vizinhas ao complexo portuário.

Além da poluição, um objeto como esse pode causar um acidente. “Com relação ao risco de acidente, com certeza a presença de objeto boiando no estuário é uma potencial fonte de risco. Entretanto, a segurança da navegação é responsabilidade da Marinha, que pode se pronunciar com autoridade sobre o assunto”, conclui a nota da APS.

A Marinha do Brasil (MB), por meio da Capitania dos Portos de São Paulo, explicou que “tem a responsabilidade de salvaguardar a vida humana no mar, garantir a segurança da navegação e prevenir a poluição hídrica proveniente de embarcações e suas estruturas de apoio, não lhe cabendo, dessa forma, a remoção de objetos do mar e demais vias navegáveis”.

“A responsabilidade pela limpeza de nossas águas é dever de todos e tem início com o cuidado individual em não lançar qualquer tipo de resíduo nos mares e rios. A operação Navegue Seguro 2024-2025 tem com um de seus focos o cuidado com o meio ambiente. E nesse sentido, a MB vem desenvolvendo parcerias com segmentos da sociedade ligados ao mar, especialmente clubes náuticos e marinas, de forma a conscientizar a população sobre boas práticas de preservação ambiental relacionadas aos mares e rios”, completa o comunicado.

A nota finaliza com um telefone para contato caso o cidadão identifique um objeto à deriva que represente risco à navegação. A denúncia pode ser feita para Capitania dos Portos de São Paulo pelo telefone (13) 3221-3455.

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