
O processo para a construção de uma ligação por terra entre as cidades de Santos e Guarujá, no litoral de São Paulo, considerada uma lenda urbana na Baixada Santista, avançou. O edital com os documentos do túnel será publicado no dia 27 de fevereiro, após novo acordo entre os governos federal e estadual.
A expectativa é que a obra traga benefícios para a mobilidade urbana da Baixada Santista e desafogue o gargalo logístico do Porto de Santos.

Dimensões gigantescas
Antes mesmo de ficar pronto, o túnel imerso, único no Brasil, é considerado o maior da América Latina, com valor estimado em R$ 6 bilhões.
Em fevereiro de 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao lado do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos), estiveram em Santos para anunciar a parceria para tirar o empreendimento do papel .
O projeto será custeado pelo Estado, pelo governo federal e pelo setor privado.
O leilão do empreendimento está previsto para acontecer no dia 1º de agosto. A empresa vencedora será responsável pela construção, operação e manutenção do túnel. A concessão será de 30 anos.
O túnel imerso entre Santos e Guarujá
Ao longo desses 100 anos de espera, a população viu apresentações de diferentes planos para substituir a atual travessia, com pelo menos cinco desenhos de pontes, em diferentes métodos construtivos, e túnel escavado.
A decisão do túnel imerso foi definida em 2023. Com profundidade de 21 metros, este será o primeiro túnel da América Latina feito neste modelo. A estrutura terá seis módulos de concreto pré-modulados, construídos em uma doca seca antes de serem “mergulhados” na água para o teste de vedação e impermeabilidade.
Depois de prontas, as partes da estrutura serão transportadas por flutuação até o local de instalação, no fundo do leito d’água.
Toda a estrutura terá 1,5 km de extensão, sendo 870 metros submersa. Haverá três faixas de rolamento por sentido, com uma delas para a passagem do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). O túnel também terá acesso para travessia de pedestres e ciclistas.
Ao todo, deverão ser gerados 8 mil empregos diretos e indiretos.
O lado de Santos deve começar no bairro Macuco. Já em Guarujá, a entrada para o túnel será em Vicente de Carvalho.
Como é travessia entre Santos e Guarujá atualmente
O canal do estuário que separa as cidades tem cerca de 400 metros, mas o trajeto entre os municípios causa transtornos para os moradores e caminhoneiros que acessam a margem esquerda do Porto, que fica em Guarujá. Os carros de passeio, pedestres e ciclistas utilizam as balsas para fazer o trajeto, que na alta temporada, e até em dias comuns, mas com alto fluxo de carros, pode demorar mais de uma hora devido às filas formadas para a travessia.
O tempo total, entre a espera, cerca de 15 minutos, e a travessia, cerca de sete minutos, e de 22 minutos. Com a obra, esse tempo cai para menos de 5 minutos. A instabilidade da maré, a neblina intensa ou a passagem de grandes navios - os chamados 366 -, também são motivos para paralisar a travessia de balsas e causar longos períodos de espera. Mais de 28 mil veículos cruzam diariamente as duas margens utilizando barcos de pequeno porte (catraias) e as balsas, além de 7,7 mil ciclistas e 7,6 mil pedestres.
Já os caminhoneiros precisam usar a rodovia Cônego Domênico Rangoni, que pertence ao Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI), que também registra problemas com trânsito intenso e pontos de parada durante a safra de alguns produtos. O trajeto de cerca de 43km demora aproximadamente uma hora. Turistas também optam pela rodovia quando o tempo de espera na fila da balsa está muito demorado.
“A comunidade da Baixada Santista aguarda há quase um século. Obra vai beneficiar a região, o Estado de São Paulo e o País, uma vez que impacta positivamente nas operações do maior porto do hemisfério sul”, ressalta o presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini.